Dia do Enfermo

14 de jan. de 2010

A cadeira


Numa pequena cidade do interior, o pároco visitava semanalmente os doentes do hospital local. Foi prontamente atender ao pedido de um homem que o chamou no meio da noite para rezar com ele.
Quando o sacerdote chegou, encontrou o enfermo na cama, com a cabeça apoiada num par de almofadas. Ao lado dele, uma cadeira, que o padre logo pensou estar ali para quando ele chegasse para rezar.
- Suponho que estava me esperando – disse o sacerdote.
Espantado, o homem respondeu:
- Não, quem é você?
- Sou o sacerdote que sua filha chamou para rezar com você. Quando cheguei e vi a cadeira ao lado da cama, achei que era para mim.
- Ah, sim, a cadeira – exclamou o homem! Entre e feche a porta.
Ao fechar a porta e sentar-se ao lado da cama, o sacerdote começou a ouvir o pobre doente.
- Esta é a primeira vez que falo com alguém sobre isso, mas é que na verdade nunca aprendi a rezar. Passei a minha vida toda sem saber o que é oração. Nunca me ensinaram a rezar e eu também nunca me preocupei em aprender. Pensava que Deus estava muito distante de mim, e nunca dei importância para a idéia de conversar com ele. Até que um dia um amigo me disse que rezar era muito simples e faria muito bem para mim. Que minha vida se transformaria por completo. Então, ele me ensinou. Disse para me sentar em frente a uma cadeira vazia e imaginar que Jesus está sentado ali. O próprio Jesus disse que estaria sempre ao nosso lado, podemos então conversar com ele sempre que quisermos. Você pode falar com ele sobre todas as coisas que desejar. Contar seus problemas, pedir conselhos, abrir plenamente seu coração como se estivesse falando com um grande amigo. Tentei uma vez e gostei muito do resultado. Desde aquele dia, tenho conversado com Jesus diariamente. Só tomo cuidado para que minha filha não me veja, para não pensar que estou louco.

Muito emocionado, o sacerdote respondeu àquela demonstração de fé dizendo que o que fazia era muito bom e deveria manter este hábito. Rezou com ele por alguns minutos e logo foi embora.

Dois dias depois, a filha comunicou ao sacerdote que o pai havia falecido. Na certeza de que o homem havia falecido em paz, perguntou como foram seus últimos momentos de vida.
A filha respondeu:

- Quando eu estava para sair, ele me chamou ao seu quarto. Disse que me amava muito e me deu um beijo. Quando voltei do trabalho, algumas horas depois, já estava morto. Só havia uma coisa estranha na sua morte. Antes de morrer, ele chegou bem perto da cadeira que estava sempre ao lado de sua cama e encostou a cabeça nela. Eu o encontrei debruçado sobre a cadeira. Por que será isso?
O sacerdote, profundamente comovido, enxugou as lágrimas e respondeu:
- Ele partiu nos braços de seu melhor amigo...
(desconheço autor)

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